6 de outubro de 2010

A falta passa.


Eu me vejo perdida, quando me vejo na mais total e inteira completidão. Por estar inserida em um todo, um tudo, me sinto meio nada. Me falta o ódio, a raiva e o principal, a solidão. Para mim não é fácil ficar uma semana sem chorar, afinal sou eu a garotinha indefesa acostumada a chorar de solidão no sábado, no meio da festa quando toca Anna Julia, ou depois de muita pouca bebida, esse meu fígado de santa nunca se acostumou. Me vejo, por um instante, não eu. Porque todo esse todo me deixa tão cheia que transborda e me perco, porque é demais pra mim. Então tenho que me lembrar, esse o passado, e não falo de alguém, falo de mim, do meu coração e minha cabeça. Minha total mania de sofrer, só pra fazer drama, só pra parecer importante. Logo eu que sempre chorei procurando encontrar a felicidade, e pareci tantas feliz quando deveria chorar, estou aqui lamentando toda minha completidão, de amor, felicidade, e companhia, pouca raiva, e o ódio quase inexistente. Soa estranho mas verdadeiro, e concordo com todos estes mestres que já escreveram tantas vezes que sem solidão e tristeza não há vida, e muito menos poesia. Cresci, e quase sozinha percebi o que é necessário para que se encontre o que queremos, contrói junto aos que amo o meu castelo, e às vezes, me pego tramando um plano para derruba-lo. Mas este é só um instante, ele passa, como tudo. O amor existe, mas ele costuma, uma vez por mês, ser superado por meu instinto feminino de sofrimento, solidão e dor. Mas passa.

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