31 de março de 2012

Quem ela pensa que é?

Ela é aquela que se acostumou com as mudanças. Aprendeu, nos seus poucos anos vividos, que as coisas são transitórias e por isso é preciso aprender com cada acontecimento. A lição perdida agora pode ser o erro de amanhã. Ela é nova, ela sabe. Sabe que o que agora é certeza logo pode não ser mais, mas isso não a faz deixar de acreditar.
 Ter vivido em diversas cidades a fez descobrir que algumas coisas mudam de nome, aipim é macaxeira. E da mesma forma outras coisas não se abalam com a distância ou o tempo. Ela viu algumas amizades morrerem embaixo de seus olhos e outras continuarem intactas depois de anos sem contato. Ela descobriu que é preciso guardar as melhores lembranças daqueles que você ama e levar a força desse sentimento a cada obstáculo.
A mãe dela sempre disse que ela era do tipo de criança que não parava quieta, que criava um mundo novo a cada brincadeira. E quando adolescente sempre foi a que colocou o pé das amigas no chão. Que tipo de personalidade é essa? Viaja para longe nos seus sonhos, mas na hora de agir quer saber onde irá pisar a cada passo.
E por fim, é fácil perceber que ela tem fé. Acredita cegamente que está salva, protegida. E é esse sentimento que a conforta. O que agora pode ser inexplicável na próxima página será claro como a luz do amanhecer.

(Texto escrito para a cadeira de Estudos Literários I, março 2012)

Refrão de Bolero

Essas semanas, essa distância, esses ares, as companhias, a falta e a sobra de tempo. As desconfianças, as cobranças, o ciúme, eu e tu. Todos esses são possíveis culpados por tudo isso que nos rodeia, me rodeia, te rodeia. Nos nossos espaços, tempos, corações, lembranças, raivas, remorsos. Meu amor, juro que me sinto fraca, estúpida, arrogante, orgulhosa, burra. E ao mesmo tempo sei que não poderia fazer mais nada. Francamente, me sinto como a pessoa mais egoísta do mundo e ao mesmo tempo a mais entregue. Eu não sei, é verdade quando digo isso.
Fique calmo, mesmo que seja estupidez da minha parte pedir isso. Eu continuo aqui, ouvindo as músicas que tu me ensinou a a ouvir, com a sua foto no porta-retrato, com a almofada na cama e com o coração na mão.

14 de março de 2012

Então você vê sua vida estampada em uma página da internet. Você não sabia, o mundo sim. Quem somos nós? Que atitudes são essas?
Amo e odeio a revolução tecnológica.

Você se apaixonou pelos meus erros

Depois de tanto tempo, tantos momentos, recordações boas e ruins, alegrias, realizações, frustrações. Depois de passarmos por momentos de glória e por momentos que.. bom, prefiro nem lembrar ainda me questiono o que fez eu me apaixonar por você e vice-versa. A primeira questão é fácil, esses dias mesmo comentei contigo. Acredito que a maior causa do meu encanto foi o teu ser calmo, sereno, tímido. Tu ser extremamente cuidadoso com as palavras, os gestos. Por muitas vezes esse teu "extremamente cuidadoso" me enfureceu, me deixou confusa. Mas principalmente me deixou com uma vontade imensa de te conquistar e fazer você perder diante de mim todo esse receio de dar o próximo passo. E no mais, você sempre foi um amigo, um vizinho, um colega, uma presença que passou a cada dia ser mais e mais notada. Mas agora vem a parte do "vice-versa", por que diabos tu veio se apaixonar por mim? Logo eu que sempre fui tão eu. Egoísta, sabe-tudo, estudiosa, "a madura", metida, queridinha, mandona, sonhadora.. a que quer ser tudo e nada ao mesmo tempo. Por que tu foi se apaixonar pela garota alta, com sardinha, testa grande? A que nunca fez nada demais, a que não traz consigo grandes atribuições físicas e financeiras. Tudo isso me faz crer em apenas uma frase: "você se apaixonou pelos meus erros", bem como a música diz, bem como a vida é. Eu que sempre me perdi entre minhas vontades, que sempre apostei tudo e depois larguei as cartas na mesa. Eu que sempre acreditei demais naquilo que definitivamente não é. E você.. sempre esteve a observar os meus tropeços, enxugar minhas lágrimas, aguentar minhas crises existenciais, os medos que existem por de trás da minha muralha. Você que encontrou as chaves.. que cabeça a tua.

9 de março de 2012

"Que saudade do calor infernal daquela cidade, do barulho irritante do interfone, do sofá em que minhas pernas não cabiam."

Pregando peças

Essas ruas me parecem estranhas, talvez por que meus sonhos nunca vagaram por essas esquinas e prédios antigos. Aqui estou, e aqui esta a realização de um grande desejo, algo que sempre fez parte das minhas escolhas. Mas nunca me passou pela cabeça esse lugar, essa cidade. É curioso observar as ironias de Deus, como eu vim parar aqui se o meu objetivo realizou-se sem que meus olhos o pudessem ver? Como, meu Deus, meu nome foi parar naquela maldita lista de aprovados e eu não vi nada daquilo? Agora a única coisa que vejo é um grande abismo e lá em baixo só há uma interrogação. Mas sei que se aqui estou, aqui tenho que construir minha trajetória.
É estranho, é difícil, é incompreensível. Mas sei que essa é hora, esse é o lugar. É a minha chance.